terça-feira, 1 de setembro de 2015

Acho que há uns 5 anos eu comecei a acompanhar blogs sobre a vida de au pair. Muitas vezes, especialmente quando via os posts sobre as férias e viagens em geral, me dava uma vontade absurda de largar tudo e me inscrever no programa no dia seguinte! Mas também tinham os posts que me faziam me encolher um pouquinho na cama, fechar o notebook e ir dormir agradecendo por não ter seguido o impulso de ir, os temidos rematches, as famílias que escondiam comida, o excesso de housework, abusos em geral, esmagavam minhas expectativas.
Mas ainda sim, a idéia nunca saia da minha cabeça! Os anos foram passando e eu continuei acompanhando os blogs, continuei tendo ambos os momentos. Até que aquela vontade começou a ficar mais real, comecei a perceber que se eu não fosse agora não teria mais coragem de ir (já estou com quase 24 anos!), e que se não tivesse coragem de ir viveria sempre pensando "e se...".
Entendi que infelizmente algumas garotas não tem uma experiência tão legal, mas outras tem experiências incríveis! E que, tenha sido por bem ou por mal, algo foi aprendido e aproveitado! Eu como ansiosa que sou, ainda que com tudo decidido, não consigo parar de pensar em todas as possibilidades, será que eu entro pra cota das garotas felizes ou volto chorando?
Não consigo parar de pensar se vou me arrepender de ir, se vou chegar lá e achar tudo péssimo e querer minha casa! E se a cidade for super tediosa e eu não achar outras au pairs pra saírem comigo? E se a família só comer coisas estranhas e não me der privacidade? E se as crianças me odiarem? E se...?
E ai eu tento me acalmar. E se for a melhor experiência da minha vida? E se apesar de a família não me dar tanta privacidade quanto eu queria ou não comer só o que eu gosto, eles me tratarem tão bem que essas outras coisas nem vão me incomodar? E se invés de outras au pairs eu conhecer nativos que vão me mostrar os lugares mais incríveis? E se eu for boa o suficiente pra contornar o desgosto inicial das crianças e fazer elas se apaixonarem por mim e eu por elas, quão gratificante isso seria?
A experiência de aupair me trás em um momento, o avalanche que são todos esses sentimentos juntos, é uma bipolaridade absurda!
Tem me tirado o sono, tem me deixado angustiada, mas tem me feito repensar muito a minha maneira de encarar a vida nos seus pequenos detalhes.
​A minha vida aqui no Brasil não é perfeita, mas não é ruim! Eu tenho uma família que embora me enlouqueça, me apoia e me ama incondicionalmente, sinto um nó na garganta só de pensar neles tão longe por tanto tempo. Eu estava fazendo faculdade, com boas notas, tinha um trabalho ok com um salário razoável em uma empresa bem conceituada, me demiti pelo programa. Tenho amigos queridos, tenho casa e comida, ninguém me deu um pé na bunda que abalou minhas estruturas... Estava tudo bem. Só que não estava.
Todo dia acordava sentindo o peso da rotina, me arrastava de casa pro trabalho e do trabalho pra casa, com zero energia pra fazer qualquer outra coisa, a não ser estudar quando os prazos de entrega das atividades estavam vencendo. Qualquer coisa me tirava do sério, nada me fazia feliz.
É assim que deve ser? Será que esse meu complexo de wanderlust vai me manter assim frustrada a vida inteira?
Quero ver como vai ser em um lugar diferente. Alguns dizem que mudar faz bem, que depois de uma viagem sozinho pra um lugar novo fica mais fácil saber quem você é e o que quer pra sua vida, outros dizem que a felicidade vem de dentro, e que lugares incríveis não são tão lindos quando não se está tão bem com sí mesmo.
Estou torcendo muito pra que os "alguns" estejam certos. Prometo que eu volto pra contar.

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